Chegou a hora de fazer um panorama em grupo. De unir diferentes idéias, pontos de vista e exigências. De extrair o máximo daquele ambiente já tantas vezes explorado por nós, atrás de algo que fosse realmente bacana de ser mostrado. Juntar a arquitetura e o paisagismo aos nossos olhares - tão diferentes. Registrar a experiência de cada um em seu trabalho anterior influenciando tanto nesse novo olhar. Com novas surpresas a cada visita.
Percebemos daí a essência do nosso novo trabalho. Uma tentativa de reflexão sobre as diferenças. Sobre as memórias, os diálogos entre nós e o ambiente que nos cerca, e o que deles fica realmente em nós.
Usamos das diferenças de cada um, das lembranças que nos marcaram (imagens sobre nossos corpos) que em cada experiência é completamente diferente. Que o que fica em nós também sofre deformações, dependendo das individualidades (no caso, dependendo de cada corpo - dos integrantes do grupo - e posição em que a imagem da Casa do Baile é projetada). Tentamos mostrar interações entre pessoas e espaços e como cada um interfere nessa imagem para si.
Usamos de duas dinâmicas: no primeiro momento projetamos as imagens e tentamos interagir com elas, algo como mergulhar na projeção. Já no segundo momento fizemos com que as imagens ‘se desdobrassem’ para mergulhar em nós. Outro fato interessante foi que, inicialmente quase que sem-querer, tridimensionamos imagens que estavam planas. Ou seja, revertemos o processo da fotografia e a fotografamos de novo, o que deu um resultado interessante.
Na montagem do panorama propriamente dito, fomos influenciadas por David Hockney e suas polaróides e pelo trabalho mostrado em uma aula, que foi usado no site de um bailarino. Usando fotos de alta qualidade tentamos disponibilizar maior interação ao trabalho, dando ao observador a opção de ver em boa resolução - através do uso de zoom- uma foto que a princípio estava fora do seu alcance, ou do seu entendimento. Também na montagem, tentamos aproveitar ao máximo as linhas orgânicas dos nossos corpos, pra enfatizar as curvas de Niemeyer; além das cores dos jardins de Burle Marx com bastante contraste e a formação de “ilhas de cores”.
A nossa grande dificuldade e preocupação na edição do trabalho foi que, ao utilizar fotos de nossos corpos semi-nus, o trabalho não ficasse apelativo e nem que nos sentíssemos expostas - o que foi um dos maiores desafios, abdicamos no processo de fotos que ficaram fantásticas.
Pretendíamos fazer um trabalho maior, com muito mais fotos, mas o prazo curto não possibilitou. Esperamos que esse material, e técnica, sirva de base para outros projetos.